A lesão hepática induzida por drogas idiossincráticas (DILI) com características autoimunes é uma condição hepática que apresenta características laboratoriais e histológicas semelhantes às da hepatite autoimune idiopática (AIH). Apesar de ser cada vez mais relatada, essa condição permanece amplamente indefinida. O objetivo deste estudo foi descrever detalhadamente as características dessa entidade em uma grande série de pacientes de dois registros prospectivos de DILI.
Autores
Miren García-Cortés, Aida Ortega-Alonso, Gonzalo Matilla-Cabello, Inmaculada Medina-Cáliz, Agustín Castiella, Isabel Conde, Elvira Bonilla-Toyos, José Pinazo-Bandera, Nelia Hernández, Martin Tagle, Vinicius Nunes, Raymundo Parana, Fernando Bessone, Neil Kaplowitz, M. Isabel Lucena, Ismael Alvarez-Alvarez, Mercedes Robles-Díaz, Raúl J. Andrade.
Métodos
Pacientes com DILI com características autoimunes foram coletados nos registros de DILI da Espanha e da Rede Latino-Americana de DILI. Estes foram comparados com pacientes com DILI sem características autoimunes e com uma coorte independente de pacientes com AIH.
Resultados
De 1.426 pacientes com DILI, 33 casos com características autoimunes foram identificados. Pacientes com DILI e características autoimunes apresentaram maior tempo para o início e resolução do que aqueles sem características autoimunes. Mulheres eram mais prevalentes entre os pacientes com AIH do que nos outros grupos. Pacientes com DILI e características autoimunes que apresentaram recidiva tinham níveis significativamente mais altos de bilirrubina total e transaminases no início, e ausência de eosinofilia periférica. Os medicamentos mais frequentemente associados a este fenótipo foram estatinas, nitrofurantoína e minociclina.
Conclusões
DILI com características autoimunes apresenta diferentes características clínicas em comparação com DILI sem características de autoimunidade. Níveis mais altos de transaminases e bilirrubina total sem eosinofilia aumentam a probabilidade de recidiva em DILI com características autoimunes. Como a tendência de recidiva aumenta com o tempo, esses pacientes requerem acompanhamento a longo prazo.
