A esclerose hepatoportal (EHP) é uma doença vascular hepática que pode progredir para hipertensão portal severa. Conhecida também como venopatia obliterativa portal, hipertensão portal idiopática ou doença porto-sinusoidal, a EHP é frequentemente subdiagnosticada no Brasil devido às suas semelhanças com a esquistossomose hepatoesplênica. Este estudo visa analisar o perfil dos pacientes com EHP no Nordeste do Brasil e demonstrar suas características patológicas.
Autores
- Caio Araújo
- Vinícius Santos Nunes
- Genario Santos
- Luiz Antônio Rodrigues de Freitas
- Maria Isabel Schinoni
- Raymundo Paraná
Métodos
Foi realizado um estudo retrospectivo de série de casos, analisando biópsias hepáticas realizadas de 2002 a 2018 em um centro de referência em Salvador, Bahia. As biópsias foram revisadas por dois patologistas experientes e os casos compatíveis com EHP foram incluídos na análise. Foram excluídos pacientes com evidências parasitológicas de esquistossomose. As características clínicas e laboratoriais dos pacientes foram coletadas para análise descritiva.
Resultados
De 868 biópsias hepáticas revisadas, 62 casos (7,14%) apresentaram achados compatíveis com EHP. Destes, 42% eram homens e 58% eram mulheres, com média de idade de 48,3 anos. Nos 10 pacientes com biópsias revisadas, 100% apresentaram fibrose portal densa e obliteração das veias portais, 60% apresentaram atrofia do parênquima hepático e 50% apresentaram septos portais. Hiperplasia nodular regenerativa foi encontrada em 30% dos casos.
Conclusões
A EHP parece ser subdiagnosticada no Brasil, possivelmente confundida com esquistossomose. Os achados histopatológicos principais incluem fibrose portal densa, obliteração das veias portais, atrofia do parênquima hepático, dilatação sinusoidal e hiperplasia nodular regenerativa. Mais estudos são necessários para entender melhor a etiologia, prevenção e tratamento da EHP no Brasil.