O carcinoma hepatocelular (HCC) é uma das neoplasias hepáticas primárias mais comuns, frequentemente associada a fatores de risco como cirrose, infecções crônicas pelos vírus da hepatite B e C, consumo excessivo de álcool e exposição a compostos químicos. O desenvolvimento de múltiplas malignidades primárias (MPMs) em um único paciente é raro e não há relatos anteriores da ocorrência simultânea de HCC e lipossarcoma. Este estudo visa preencher essa lacuna ao documentar um caso inédito de um trabalhador da indústria petroquímica apresentando ambas as neoplasias.
Autores
Maria Eduarda Nunes Albuquerque, Barbara Behrens Freire, Gabriel Martins Nogueira, Paula Ribeiro Oliveira, Larrie Rabelo Laporte, Vinicius Santos Nunes.
Métodos
Este estudo é um relato de caso observacional, seguindo as diretrizes CARE. Um homem de 30 anos, trabalhador da indústria petroquímica, foi inicialmente avaliado por hiperferritinemia assintomática e níveis elevados de gama-glutamil transferase. Após uma série de exames de imagem e biópsias, foram diagnosticados carcinoma hepatocelular bem diferenciado e lipossarcoma. O paciente foi submetido a hepatectomia e nefrectomia sequenciais para a remoção dos tumores.
Resultados
Os exames iniciais revelaram esteatose hepática leve, imagens nodulares inespecíficas e fibrose grau F4. A biópsia hepática confirmou a presença de HCC, enquanto uma ressonância magnética subsequente identificou um nódulo renal suspeito, que foi confirmado como lipossarcoma indiferenciado após biópsia. O paciente foi submetido a cirurgia para remoção de ambos os tumores sem complicações significativas. Durante o acompanhamento, foi observada perda de peso e melhora nos níveis de ferritina e gama-glutamil transferase.
Conclusões
Este relato destaca uma associação inédita entre HCC e lipossarcoma, sugerindo que a exposição ocupacional a compostos orgânicos aromáticos pode ser um fator contribuinte significativo. A documentação de tais casos é crucial para a compreensão dos mecanismos subjacentes e para a otimização das abordagens terapêuticas para pacientes com múltiplas neoplasias primárias. São necessários estudos adicionais com amostras maiores e períodos de acompanhamento estendidos para elucidar melhor essas associações e suas implicações clínicas.