A venopatia portal obliterante (OPV) é uma das causas de hipertensão portal não cirrótica. No entanto, muitos aspectos da OPV permanecem obscuros, incluindo etiologia, patogênese e história natural. Este estudo tem como objetivo descrever as características clínicas da OPV em uma série de pacientes no Brasil, onde a doença foi diagnosticada através de biópsia hepática.
Autores
- Dr. Vinícius Nunes
- Luiz A R de Freitas
- Juliana R de Freitas
- Caio Araújo
- Gildásio N Junior
- Maria I Schinoni
- Fernando Bessone
- Raymundo Paraná
Métodos
Foi realizado um estudo retrospectivo com 43 pacientes adultos consecutivos diagnosticados com OPV com base em critérios histológicos, definidos pela presença de pelo menos fibrose portal, fleboesclerose, desaparecimento e/ou redução do calibre dos ramos da veia porta, e exclusão de cirrose. Dados clínicos e laboratoriais foram analisados, considerando hipertensão portal clinicamente significativa na presença de varizes esofágicas e/ou ascite.
Resultados
A média de idade dos pacientes ao diagnóstico foi de 44,5 anos, predominantemente do sexo feminino (81%). Hipertensão portal clinicamente significativa foi encontrada em 28% dos casos. A indicação mais frequente para biópsia hepática foi a elevação das enzimas hepáticas, principalmente a γ-glutamil transferase (GGT) em 76% dos pacientes, com média de 222 UI/L (limite superior de normalidade até 40 UI/L) e alanina aminotransferase (ALT) em 64%, com média de 84 UI/L (38 UI/L). Um terço dos pacientes tinha exposição a medicamentos, especialmente fitoterápicos, no momento das alterações enzimáticas. Outros fatores de risco destacados foram características de autoimunidade em 25% dos pacientes ou trombofilia em 20%.
Conclusões
A OPV pode ser diagnosticada mesmo antes do início da hipertensão portal, elevação de ALT e, especialmente, elevação de GGT na maioria dos casos. Sua etiologia não está definida, mas doenças autoimunes, trombofilia e o uso de medicamentos ou fitoterápicos podem desempenhar um papel. Em conclusão, é importante considerar a OPV como um diagnóstico diferencial para esquistossomose no Brasil.