O uso de produtos naturais para fins terapêuticos é uma prática comum mundialmente. Na América Latina (AL), há um grande mercado para suplementos herbais e alimentares (HDS), considerados uma parte importante da medicina popular. No entanto, a hepatotoxicidade relacionada a esses produtos é uma preocupação crescente de saúde pública.
Autores
O artigo foi escrito por Genario Santos, Jessica Gasca, Raymundo Parana, Vinicius Nunes, Maria Schinnoni, Inmaculada Medina-Caliz, Maria Rosario Cabello, Maria Isabel Lucena e Raul J. Andrade. As instituições envolvidas incluem o Núcleo de Hepatologia do Hospital Universitário Prof. Edgard Santos – UFBA, a Universidade de Málaga e o CIBERehd, Madrid.
Métodos
Foi realizada uma revisão sistemática de relatos de casos publicados entre 1976 e 2020 sobre hepatotoxicidade induzida por HDS na AL. A busca incluiu as bases de dados PubMed, Web of Science, Scopus e bases de dados específicas da AL, seguindo as diretrizes PRISMA. Apenas casos que atendiam aos critérios de definição de DILI foram incluídos. Duplicatas e relatos com dados insuficientes foram excluídos.
Resultados
A revisão incluiu 17 registros (23 casos) de hepatotoxicidade relacionada a HDS. Os produtos mais frequentemente envolvidos foram Centella asiatica, Carthamus tinctorius e Herbalife®. O principal motivo para o consumo de HDS foi a perda de peso. A maioria dos casos envolvia mulheres jovens, com danos hepatocelulares predominantes, alta taxa de insuficiência hepática aguda (ALF) e mortalidade. A reexposição inadvertida e os danos crônicos foram frequentes.
Conclusões
Este estudo destaca a dificuldade na avaliação de causalidade quando múltiplos ingredientes são utilizados e a necessidade de práticas consistentes de publicação ao relatar casos de hepatotoxicidade devido a HDS. A segurança hepática dos HDS na AL precisa ser fomentada através de uma regulamentação mais rigorosa e monitoramento de segurança.